POETISA

LUCIANA DO VALE

Tempo que me absolve
E depois me condena
Queria ter tempo só pra amar
Quanta gente querendo um afago
E eu me afogo em compromissos submissos
Queria poder dar pra meio mundo
Um mundo mais profundo
Mais carinhosamente verbal
Mas me atolo em tolices diárias
Sinto que perco tempo
Até escovando os dentes
Enquanto poderia adular um querido ente.

Dívidas de amor são difíceis de pagar
O tal o tempo vira juros
Juras falsas de companhias verdadeiras
Ah! Quanta alma pra amar
Se a tal burocracia me impede
Daí almas me pedem
Para sufocá-las de carícias

Não quero mais pagar contas
Não quero mais trabalhar
Não quero mais entrar em filas
Não quero mais me informar sobre política
Não quero mais assistir comédias previsíveis
Eu quero apenas tempo para amar.

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Amor Transgênico Eu modificada
Soja Suja Seja modifinada
Amortificada Pelo seu fel
Mudo de nome mudo de endereço
Mudo meu mundo E você mudo
Odeio mudismos Prefriro nudismos de alma
Almamada Transgenicando

Produto Industrializado do seu amor
Amor Transgênico Higiênico
Sem mentiras Sem defeitos
Motificado todo para Você
Me viro do avesso
Atravesso Meu travesseiro
Numa tranversal universal

Me tornei um vegetal modificado
Uma mulher transgenicada
Amada agora estou sendo
Amor agora estou tendo
Uma vida que de vegetativa não tem
Nada Nada Nda Nda Nda dá dá dá
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